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A liberdade de interpretação

Lisboa, 1670 · 1680 Em Portugal os pintores de azulejos serviam-se de gravuras de ornamentos que lhes chegavam da Europa para criarem revestimentos cerâmicos destinados a grandes superfícies parietais, trabalho que obrigava a uma imaginativa transposição de escala.
Entre estes destacam-se no séclo XVII os chamados ?grotescos", motivos profanos da antiga Roma recuperados pelo pintor Rafael, no séclo XVI, para decorações do Vaticano. Divulgadas na Europa, em Portugal foram usados no revestimento de igrejas, embora envolvendo temas religiosos.
Pelo seu carácter fantástico, eram os ?grotescos" do agrado de um povo que contactava culturas distantes. Daí que os pintores de azulejos se inspirassem igualmente nas ?chitas", exóticos tecidos estampados provenientes da Índia que em Portugal se usaram como frontais de altar, transpondo-os para cerâmica, aliando-se por vezes a temas ocidentais e ajustando-se a uma simbologia católica, no que é uma das mais interessantes evidências de transculturação nas artes decorativas portuguesas.